Relacionamento é uma parcela significativa das vidas e neste momento de isolamento social, muitas questões são colocadas em evidência: conflitos e desentendimentos; união e distância. Por isso, esse tema tem sido frequente nas sessões de psicoterapia.
O Relacionamento humano é um campo vasto que é estudado por diversas ciências, inclusive a Psicologia. Isto se dá devido a sua complexidade, extensão e diversidade na vida das pessoas. Desde o nascimento estamos inseridos em algum tipo de relação e vamos nos adaptando e nos inserindo de diversas formas ao longo da vida.
A relação conjugal é feita de encontros entre duas pessoas. Repleto de encantos e desencantos. Precisamos conhecer e compreender a nossa participação e responsabilidade.
Em uma perspectiva simbólica, na relação conjugal são atualizadas necessidades e padrões de relacionamento, desde afetivas até econômicas. Sentimentos muito profundos e muitas vezes desconhecidos ou desvalorizados surgem na relação e nos fazem olhar para eles.
Coisas profundas nos unem e muitas delas são desconhecidas. Até que na relação temos um confronto com um outro, mas acima de tudo, com nossos aspectos devido às diferenças, particularidades e semelhanças.
É comum que nas relações depositemos nossas projeções, ideais e expectativas no parceiro(a), mas vale lembrar que a medida em que nos limitamos a esta condição de estar no mundo, nos distanciamos da nossa essência de identidade. A princípio, essa condição pode ser satisfatória, pois configura a um estado de harmonia, mas que é fictício e temporário, pois pode destoar muito do nosso processo de desenvolvimento pessoal.
Então, é de extrema importância que nessa jornada, cada sujeito ganhe cada vez mais consciência de si e consiga se diferenciar de tantas projeções e expectativas, porque é nesse encontro com o diferente que se abre um campo de amadurecimento. Vale ressaltar a importância de que essa troca seja respeitosa, consigo e com o parceiro. Não existe uma subjetividade mais ou menos correta que a outra, há o diferente e o potencial de crescimento que ele carrega consigo. Nem sempre nós notamos esse percurso ou temos plena consciência dele, mas ele acontece constantemente autonomamente.
É um potencial crônico e inerente à relação. Na Psicologia Analítica há o entendimento de que este é um processo contínuo de crescimento e transformação que ocorre ao longo de toda a vida e o chamamos de individuação. Neste sentido, as projeções que ocorrem nos relacionamentos, se não conscientes e elaboradas podem ser prejudiciais para o casal. Por outro lado, se reconhecida e trabalhada, contribui para o desenvolvimento do individual e do casal.
As relações são um campo fértil para nosso desenvolvimento, a medida que nos deparamos com o diferente, e principalmente quando existe um espaço para troca genuína e sincera entre esses dois seres.
Nesse sentido, estabelece-se um espaço rico para que o outro nos espelhe, ou seja, esse outro viabiliza um encontro com nós mesmos, quem somos, o que queremos, o que gostamos, com a profundidade da nossa identidade.
Como um espaço privilegiado de relacionamento com as questões que tendem a ser reprimidas e permitem a conscientização, consequentemente, o crescimento pessoal. Portanto, podemos usufruir desse processo para favorecer nosso desenvolvimento individual e do relacionamento, nos conduzindo ao encontro com nossa essência. Quando necessário, uma ajuda especializada pode contribuir para favorecer relações com trocas genuínas e o amadurecimento pessoal e relacional.
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